
30 de junho de 2025
Leandro de Azevedo Costa
Antes de formalizar as regras de governança e funcionamento de uma organização, é fundamental entender se ela exige um Estatuto ou um Regimento Interno. Ambos estabelecem normas, atribuições e procedimentos, mas atendem a estruturas jurídicas e perfis distintos. Neste artigo, orienta-se sobre as características de cada instrumento e a aplicação adequada conforme o porte e finalidade da entidade.
Conceitos e Natureza Jurídica
Estatuto: trata-se de um documento constitutivo obrigatório para associações, fundações e sociedades civis sem fins lucrativos, definido no Código Civil (Lei nº 10.406/2002). Estipula finalidade, órgão deliberativo, composição da diretoria, competências e regras de eleição.
Regimento Interno: funciona como norma complementar ao estatuto em associações e fundações, ou como instrumento principal em empresas privadas e órgãos internos de entidades maiores (como conselhos e departamentos). Detalha processos operacionais, rotinas administrativas e padrões de conduta.
Quando Elaborar o Estatuto?
Associações e Fundações: necessária para registro em cartório e obtenção de personalidade jurídica.
Sociedades Civis sem Fins Lucrativos: associações culturais, esportivas e de classe.
Instituições que demandam transparência: define obrigações de prestação de contas, assembleias gerais e quóruns de deliberação.
Quando Optar pelo Regimento Interno?
Órgãos colegiados: conselhos consultivos, fiscais ou de ética que exigem regras de funcionamento mais detalhadas.
Empresas privadas: departamentos ou comitês internos podem adotar regimento para padronizar processos sem alterar o contrato social.
Complementar ao estatuto: em entidades que necessitam aprofundar regras de disciplina, procedimentos de admissões, sanções e comissões temáticas.
Elementos Essenciais de Cada Documento
Estatuto:
Denominação, sede e finalidade;
Direitos e deveres dos associados;
Estrutura dos órgãos (assembleia, diretoria e conselho);
Procedimentos de eleição e mandato;
Dissolução e destino do patrimônio.
Regimento Interno:
Competências e atribuições de comissões e setores;
Procedimentos de reuniões, quóruns e convocações;
Regras de disciplina, penalidades e recursos;
Fluxo de aprovação de decisões e documentos internos.
Passos para Adoção e Revisão
Análise da estrutura organizacional: identifique órgãos e processos que demandam normatização.
Consultoria jurídica: valide a conformidade com o Código Civil e normas setoriais.
Redação colaborativa: envolva lideranças e membros para garantir aderência.
Assembleia ou reunião deliberativa: promova aprovação formal e registro, quando aplicável.
Publicação e treinamento: divulgue internamente, capacite equipes e mantenha versão atualizada.
Escolher corretamente entre estatuto e regimento interno é crucial para assegurar governança eficiente e segurança jurídica. Entender a finalidade de cada instrumento e seguir boas práticas de elaboração garante transparência, equilíbrio de poder e o cumprimento de obrigações legais. Para apoio na criação ou revisão desses documentos, recomenda-se contar com assessoria especializada.